A leitura da Carta às Brasileira e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, na Universidade de Direito do Largo São Francisco (USP), na manhã desta quinta-feira, 11 de Agosto, já entrou para a história de resistência e luta do povo brasileiro em defesa da democracia e das eleições livres e soberanas. Além de uma multidão do lado de fora, participaram da cerimônia representantes da CUT, das demais centrais, dos movimentos sociais, juristas, empresários e artistas que, unidos, defenderam o respeito ao resultado das urnas nas eleições de outubro deste ano.
O ato foi uma resposta da sociedade civil aos ataques que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), tem feito ao sistema eleitoral brasileiro, colocando em dúvida a segurança das urnas eletrônicas, sem apresentar indícios e muito menos provas.
Com a adesão de mais de 910 mil assinaturas, a Carta em defesa da democracia, é mais do que um simples documento, exaltaram as autoridades convidadas a discursar no ato.
A presidenta em exercício da CUT-SP, Telma Victor, destacou a representação do eleitorado feminino com mais de 50% da população, e a unificação desse dia histórico para o Brasil.
“Estamos unificados nesse momento histórico para o nosso país, em nome da democracia, para que ela prevaleça. Juntamos todos e todas aqui nesse espaço que, para além da democracia, é um espaço histórico de grandes transformações e oportunidades para o nosso país”, disse.
“Temos a unidade não só de trabalhadores e trabalhadoras, mas de todas as organizações sociais do nosso país. Já estamos alcançando quase um milhão de assinaturas nessa carta aos brasileiros que reflete a realidade que vivemos com a atual conjuntura de perda dos postos de trabalho; e da falta de condições de ter uma renda mínima para sustentar suas famílias”, completou.
Pelo retorno da comida já, na mesa dos trabalhadores e das trabalhadoras e de todas as famílias nesse país – Telma Victor
Telma encerrou sua fala em defesa da democracia, afirmando que é preciso aceitar o resultado das urnas e que homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras estão sempre na luta pela democracia.
Entidades e profissionais em defesa da democracia
Na abertura do ato, o reitor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Carlos Gilberto Carlotti Junior, destacou que assinaram a carta juristas, advogados, jornalistas, engenheiros, médicos e profissionais de todos os setores da sociedade, e de todas as etnias.
“É dever das sociedades paulista, e de toda a brasileira, em união, defender a democracia, a justiça e o sistema eleitoral com urnas eletrônicas. Que seja respeitada a soberania. Queremos um processo sem intimidações”, afirmou.
Quem agride a democracia não respeita o saber- Carlos Gilberto Carlotti Junior
O membro da Comissão Arns e do comitê que lançou o manifesto em defesa da democracia, Oscar Vilhena Vieira, destacou que o manifesto não é partidário.
“É um momento solene onde as principais entidades civis vêm celebrar seu compromisso com a democracia que está sendo questionada de maneira vil e violenta”, afirmou.
Temos aqui os principais movimentos sociais que lutam por dignidade e direitos humanos. Dada a gravidade do momento, todos foram capazes de transcender diferenças e lutas para se juntar a uma única luta, que é a luta pela democracia. Estado de Direito sempre!”, disse Oscar Vilhena Vieira.
Demais centrais sindicais também defendem a democracia
O representante da União Geral dos Trabalhadores (UGT) Francisco Canindé Pegado reafirmou que o país está na caminhada rumo à democracia plena.
“Nossa caminhada não pode ser interrompida por ninguém até que todos os brasileiros tenham educação, saúde, alimentação, moradia, trabalho digno e bem estar social, como apregoa a Constituição brasileira”, disse.
Para Pegado, a carta em defesa do estado democrático de direito é plural porque não define classe social, gênero, partido político, e não tem religião, assim como é plural a nossa Nação laica.
“Este documento institucional não é um bilhete, nem uma cartinha como alguém insinua. Respeitem a carta, que é uma peça e artilharia de longo alcance e vamos usá-la como encouraçado pelo qual vamos lutar contra tudo e contra todos pra garantir o estado de direito sempre”, disse se referindo ao presidente Bolsonaro que chamou o documento de “cartinha”.
Já Miguel Torres, representante da Força Sindical, afirmou que não será admitido esse retrocesso e que a união de todos os setores da sociedade civil é fundamental para defender a democracia.
“Temos de defender a unidade, e aqui se respira a liberdade, a luta, a resistência, a democracia. Por isso, não é um ato simbólico, é um ato concreto em defesa da nossa democracia”, afirmou.
Antes de encerrar seu discurso, Pegado pediu para que as pessoas presentes votassem, como numa assembleia de trabalhadores, o comprometimento, de preservar a democracia a todo custo e foi prontamente atendido, com um grande sim.
Frentes também se uniram ao ato em defesa da democracia
O coordenador Nacional da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, destacou que a democracia nunca esteve tão ameaçada e atacada como agora e em função disso a Central de Movimentos Populares se une em torno desse movimento.
“Entendemos que pelo regime democrático superaremos a desigualdade social. A democracia é um farol e um alicerce por lutarmos por trabalho, renda, saúde, educação e moradia”, disse.
Nesta data vamos manter a democracia e impedir a volta da ditadura no país. Saudamos essa grande unidade em defesa das eleições livres, da soberania do voto; ditadura nunca mais, respeito – Raimundo Bonfim.
No encerramento, o diretor da USP, Celso Campilongo, ressaltou que o ato em defesa da democracia é de tranquilidade, serenidade e ao mesmo tempo uma festa.
Nesta data vamos manter a democracia e impedir a volta da ditadura no país. Saudamos essa grande unidade em defesa das eleições livres, da soberania do voto; ditadura nunca mais, respeito – Celso Campilongo
Também discursaram em defesa da democracia e o respeito ao resultado das urnas eletrônicas em outubro, a advogada Beatriz Lourenço do Nascimento, coordenadora da Uneafro Brasil e membro da Coalizão Negra por Direitos; o empresário Horácio Lafer Piva, da Klabin; a socióloga Neca Setúbal; a presidente da OAB, secção São Paulo, Patrícia Vanzolini e o ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias, atual presidente da Comissão Arns.
Atos nas ruas
A parte da tarde foi marcada por atos em defesa da democracia e das eleições em quase todas as capitais do país.
Com informações do Portal Mundo Sindical